Vídeo mostra PMs suspeitos de simular confrontos deixando corpo de homem baleado em hospital
18/04/2024
(Foto: Reprodução) Agentes são alvos de operação que apura as circunstâncias da morte de Pedro Henrique de Moura, morto em dezembro de 2023 em Boa Vista, além de outros crimes. Imagens mostram atuação dos PMs na casa dele e no hospital, para onde ele foi levado após ser baleado. PMs suspeitos de simular confrontos para matar pessoas são alvos de operação em Boa Vista
Vídeos registrados por câmeras de segurança mostram a atuação dos três policiais militares investigados por suspeita de matar pessoas e simular confrontos policiais, na ação que matou Pedro Henrique de Moura, em dezembro de 2023 (assista no vídeo acima).
O sargento da Polícia Militar Arnaldo Cinsinho Melville e os soldados Lucas Araruna e André Galúcio são os alvos de uma operação que apura as circunstâncias da morte de Pedro Henrique e outros crimes. Melville e Araruna foram presos nessa quarta-feira (17) e Galúcio está foragido.
O g1 procurou a defesa dos investigados e aguarda o retorno.
As imagens obtidas com exclusividade pela Rede Amazônica mostram quando uma viatura da polícia estaciona próximo a uma casa e três agentes descem do veículo. Os policiais caminham até o portão da residência, que está aberto, e entram com as armas em mãos.
O caso aconteceu no dia 14 de dezembro, no bairro São Bento, na zona Oeste de Boa Vista. À época, os policiais investigados alegaram uma situação de conflito armado com o homem, que foi baleado.
Um relatório da investigação ao qual a reportagem teve acesso aponta que, após uma troca de tiros, Pedro Henrique foi levado para o Hospital Geral de Roraima (HGR) pelos próprios policiais.
Imagens das câmeras de segurança do hospital mostram a chegada de quatro viaturas policiais, por volta das 16h32. Uma delas estaciona na entrada do setor de emergência, dois policiais descem e entram na unidade de saúde, onde pegam uma maca. Os agentes estavam encapuzados no momento da ação.
Outros dois policiais, que estavam em outro veículo, abrem o "camburão" da viatura e Pedro Henrique é retirado do carro pelas pernas e colocado na maca. Durante a ação, ele desliza e o corpo fica parcialmente suspenso, com os braços tocando no chão. Um dos policiais reposiciona ele no objeto.
Segundo o relatório, durante todo o procedimento, Pedro Henrique não apresentou reação, ficando imóvel. A suspeita é de que ele já estava morto quando foi levado para a unidade de saúde.
Cerca de dois minutos após ação, já dentro do hospital, os três policiais investigados adotaram uma "postura mais relaxada", retiraram o capuz e utilizaram os celulares, segundo o relatório. Após receberem um documento de uma funcionária do hospital, os PMs se dirigiram à viatura e deixaram o local, às 16h55.
No documento, o Departamento de Inteligência concluiu que existe uma "alta probabilidade de que Pedro Henrique tenha sido levado ao pronto-socorro já sem sinais vitais" e que alguns protocolos foram negligenciados.
Operação Janus
Polícia Civil cumpre mandados de prisão contra PMs suspeitos de simular confrontos para matar pessoas em Boa Vista.
Marcelo Marques/Rede Amazônica
Os três policiais são alvos de uma ação coordenada pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp) em parceria com a Polícia Civil, deflagrada nessa quarta-feira (17) em Boa Vista. A operação Janus cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão domiciliar na casa dos investigados.
As investigações da Sesp e Polícia Civil apontam que os policiais militares investigados entravam nas residências das vítimas, mesmo sem ordem judicial e, em algum casos, sem acionamento para ocorrência. Eles justificavam a resistência por parte das pessoas para realizar as execuções.
Após atirar nas vítimas e matá-las, os suspeitos levavam as vítimas para o hospital e retiravam as cápsulas do local do crime sob a alegação de prestação de socorro. No entanto, segundo as investigações, eles manuseavam os corpos com descaso e em "100% dos casos, os socorridos já chegaram mortos" no hospital. A suspeita é de que eles adulteravam os locais dos crimes para dificultar o resultado da perícia da Polícia Civil no local.
A Polícia Militar informou que está buscando "informações mais precisas sobre os autos do inquérito" para se posicionar mais especificamente sobre o caso.
Informou ainda que a Corregedoria está acompanhando o caso e todas as medidas administrativas serão adotadas caso seja comprovada a veracidade dos fatos. Segundo a PM, se comprovado, os militares serão responsabilizados.
"A corporação repudia veementemente todo e qualquer ato criminoso, bem como condutas ilícitas que transgridam os preceitos da ordem, disciplina e moral que caracterizam a profissão de policial militar", disse.
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